Bati a porta. Não foi uma nem duas vezes: eu me derramei na campainha. Ouvi do outro lado ruídos silenciosos da indiferença. Fiz barulho ao me abrir, mas o som dessa porta era imenso. Me calei ali, abaixadinha.
Tirei os sapatos e pensei em outra saída - ou entrada - nessa casa/vida que não queria me habitar. Só avistei os muros altos da solidão cercada, quis bater asas ou naufragar. Mas entendi a fechadura mais de perto: esse não é meu lar.
Peguei a mala que sonhei deixar ali. Arrumei meus pertences no vento, me deixei partir. E voei para outros momentos, tive vislumbres do que sonhei construir. E comecei, cimento a cimento, a entender meu casulo porvir.
Olhei o caminho para trás com saudade, mas o mundo à frente tem cores mais abertas. Entendi que não tem tanta pressa, e também não só uma saída. Encontrei naquela porta a descrença. Mas me fechei desse capítulo e abri a vida.
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