Maria ia à escola,
mas já não podia entrar.
"Quem me dera estudar..."
Pois que pena, não daria.
Carlito tinha fome
e partiu a mendigar,
mas, com medo do contato,
"Não tenho nada", teriam dito
ao pobre Carlito.
E o mundo parou de rodar.
Enquanto uns corriam
atrás de bolas que rolavam sós,
outros sucumbiam,
à espera de rever, um dia,
tantos de nós.
E aquela porta que se abria
se fechou em um muro
e se resumiu a a(pó)s.
O trabalho, uma lembrança boa,
da Clarice, do Pedro e do Ivo.
O avião partindo no vazio.
E no peito a flor teimosa da esperança
escoando murcha para o intestino.
A todos que disseram
"veja o lado bom",
o meu lamento mais sincero:
só por hoje perdi o dom.
Quero apenas ver da janela
seus rostos daí cantando
e te dizer um tanto
do quanto me importo.
Estou aqui no meu canto:
Teremos um novo dia.
Só não sabemos quando.
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