e de repente não mais
o alívio se confunde,
a cada instante,
com a falta que faz
Aquela confusão incessante
que fazia o coração bater junto
sai de cena deixando o vazio
da paz, o fim de um conjunto
Tanto já não se queria
ter o antigo caminho
que hoje tal como podia
virar um ser tão sozinho?
E volta ao lugar de origem
mas as roupas não lhe caem
A nudez também não serve
sem armários, portas que abrem
Tudo tão transitório
provoca estranheza tamanha
que perguntar ainda cabe
como proceder tal façanha?
E a saudade do que acabou,
a vontade do que ainda não chega,
a melancolia pelo que nunca passou
e por ter se habituado à tristeza
Dá uma força medonha
de retroceder na luta vencida
mas tem uma fé sem vergonha
que insiste em acreditar na vida
Um comentário:
É maravilhoso pra mim perceber toda esta sensibilidade, a brincadeira engenhosa com as palavras, desnudando os sentimentos. E a coragem de expor assim o que vai no coração, e de saber como expor.
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