domingo, 20 de abril de 2014

Eterno

Muito passa, outros não,
o tempo todo um redemoinho.
Há quem fique e vá,
nada é permanente.
A não ser ele,
apagado ou reluzente,
no fundo do meu quarto.

As escolhas acusam,
cobram, perdoam.
Os caminhos brotam,
ou se esvaem.
Há muito o que fazer,
querer e esperar
e ele fica sempre lá.
Ele quer dizer alguma coisa.
E diz. Lamenta, conforta.
Dá seu carinho constante
sem pedir muito.
Sozinho, atrás da porta.

E nos momentos em que todos decepcionam
e tudo parece tão duro,
ele ressurge, um porto seguro.
Meu rosto, naquele velho espelho quebrado,
está sempre ao meu lado.
Moleque, tentando ser quem não é,
mas é sempre essa imagem
da luta de ontem, do que não vivi,
Ele sorri, meu eu, sempre profundo,
do meu ilusório e secreto mundo.

Pode tudo não ir ou nada ficar,
meu rosto sempre vai me abraçar.
Em tudo, em nada,
nessa hora perdida ou marcada.
O espelho da permanência eterna da estrada.