sábado, 7 de março de 2009


Carta sobre a lua

Tão sozinha e tão cheia de gente
Plena e ausente
Brilha, mas é cheia de nada
Contempla oculta na noite estrelada
e rouba a luz dos outros, dependente

Tem fases cíclicas e todas são belas
Quando se enche de sol, fica amarela
E quando se apaga deixa saudade.
Não se sabe qual a sua real idade,
ela esconde os mistérios profundos.
Iumina sabe-se lá quantos mundos
e inspira morimbundos bem almados.

É calada, traiçoeira e perigosa,
mas sabe ser velha amiga,
mesmo quando é nova.
Tenta ser gente grande
enquanto fica cada vez mais minguante.
Pode ser uma lanterna boa
para os perdidos na estrada.

É consolo para os fugidos,
recanto egoísta para as namoradas.
Ela sabe ser o espelho de quem é
Sedenta, caprichosa e crua...

Será que escrevo sobre mim
ou falo mesmo para a Lua?