domingo, 27 de maio de 2007

Gota


Esta poesia foi inspirada por uma goteira no telhado, mas fala principalmente da percepção do limite entre perseverança e teimosia


A Gota

O fim de um temporal
ou o fruto do orvalho.
Prenúncio de um dia quente
rolando num rosto suado.
O cheiro da comida gostosa
escorrendo da boca aflita.
Início de um drama doméstico
brotando insuspeita no telhado
A Gota, o fim, o que faltava.
O transbordar de uma emoção contida
no olhar doente e cansado
Ou a tremida no canto d´olho
da noiva feliz com o noivado.
O presente maldito do pombo
num dia amaldiçoado
A gota, o fim, o que faltava
O limite de um homem cansado
Uma bolha de proteção contra o medo
na ilusão da criança abandonada
A explosão do orgasmo feminino.
O fim do alívio da bexiga.
O líquido derramando do copo.
O cabelo molhado da moça.
A gota, o fim, o que faltava.
O varal, a torneira, a louça.
O limite, a gota d´água.

3 comentários:

BeCarol disse...

Quando é q vc não vai mais se superar?? rs
Caramba, adorei esse, muito bom mesmo!! Q linda...
Ó, vamos marcar o fondue mesmo, caceta...
Beijos e muitas saudades da minha poetisa favorita!

Gabi disse...

Menina, vc manda muito bem!
Adorei!
Beijos

Rafael Queres disse...

e para o meu copo? quero mais uma rodada destas meras gotas, um brinde escorrendo de palavras sedentas pelo silêncio, desesperadamente melodiosas.

...

Olha, no CCBB está em cartaz uma peça dirigida pelo Abujamra que eu achei que poderíamos assistir (Dostoiévsky). Ela começa exatamente às 21h, de quinta à sábado. Se você quiser, reservo as nossas entradas.

há braços!