quando a poesia, carinhosa, me chamou.
Um pequeno suspiro do sono profundo
do qual minha alma gentilmente despertou.
Em águas calmas, mornas e sedutoras,
meu sorriso havia afundado a poesia.
Essa companheira antiga, eterna, aflita,
que parecia despertar somente na agonia
Pois bem, com que surpresa vejo
hoje, num dia claro, entre as cobertas.
Os versos surgem num afago sorridente,
sem me pedir desabafo ou falsas promessas.
As estrofes escorrem com intimidade,
sabem que têm passe livre nessas veias.
Mas dessa vez me visitam tão sem alarde,
como se já não encontrassem no caminho teias.
Existe um calor-essência que vem de dentro,
ele não é barrado, aniquilado ou revertido.
Uma vontade de poesia desde o nascimento,
que vem de outras eras, poetas e destinos.
Uma força que não pode ser quebrada,
persiste intensa, poderosa e sem juízo.
Cresce no peito mesmo maltratada,
jorra apesar de tudo. Até do sorriso.
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