quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Parque

Enfadado com o tédio da rotina,
linda e misteriosa, promessa de menina,
chega para balançar o esqueleto.
Se não é para mim, eu invento.
Passa de fria a quente, de quente a fria,
e os dias começam a ter algum movimento.

Só que com o caminhar do tempo,
é inevitável que o novo vá ao cotidiano
e eu perco tudo o que criei de puritano
para de repente achar que o problema é meu:
dizer que viveu um amor que nunca viveu.

Todo o furacão literário
de repente passa a acordo funerário.
Quem foi que inventou essa conversa?
Essa menina comum não me interessa!
Corro em busca de um brinquedo novo.

O desafio é que toda boneca por dentro é oca
E se me aburreço com a minha vida
é porque não aprendi a vivê-la toda.
Em cada sacudida nova me esqueço,
que fui eu que enjoei de mim, lá no começo.

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