domingo, 3 de janeiro de 2010

Explora dor


Eu não sei se essa trilha chega ao monte
Sigo pegadas leves, de quem passeou por aqui como pluma
Avisto no horizonte distante o destino desejado
Havia mil chances de caminho e optei por seguir só uma

Senti dúvida em alguns desvios
e te encontrei perdida numa encruzilhada.
Procurei a bússola em mim, não sabia que era uma granada
Sem querer, explodi minhas certezas em um segundo
E acabei por ver que o norte está solto no mundo

Subi e desci com cansaço de exploradora,
mas na maratona me abaixei, no meu ombro de vencedora
Colhi algumas flores do campo e uma pequena tigela
Nela depositei minha guerra e um pedaço de espírito
Senti que essa porção iria sempre comigo
e tive força para dar mais passos adiante

Quando avistei o pico ao longe, fiquei radiante
Mas não porque estava próxima a chegada
É que percebi que não me faltava mais nada
a não ser a vontade de caminhar errante
Não importa se por um século ou por um instante

Andei alguns novos quilômetros, meio cambaleante,
e numa pedra bonita me deixei cair repousante
Bebi a minha ânsia numa fonte profunda e bela
e escapei de um morteiro agressivo,
com alguns arranhões, mas sem grande sequela

Quando finalmente atingi o topo do mundo,
escorrei num pedaço de côco fresco e caí num vale profundo
Só que me deixando cair esbarrei num lago secreto
e percebi mais uma vez que o caminho para o alto é disperso

Sem abatimento ou fraqueza que me impeça,
continuo agora caminhando graciosa, sem pressa
Vou subir de novo uma montanha ou me lançar a um precipício,
mas o importante é que descobri
que não importa o caminho ou as escolhas:
eu sempre resisto.


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