sexta-feira, 24 de outubro de 2008




Ode ao meu pé!

Meu

daqui desse ângulo
parece tão velho
Alguns calos,
poerias do chão
Meu que tanto me deu a mão,
aguentou tanto peso, tanto fardo
de me sustentar calado.
Aguentou meus surtos de dança,
fingindo ser de criança.
Me segurou um pouco manco,
me mantendo de aos prantos.

Meu
Ele tem linhas da vida,
tem traços de castigo, de fadiga,
mas tem um charme curvo e bailarino.
Ele grita quando o impeço de ver o mundo,
quando faço ele parecer alto ou fino.

Meu gosta de ser assim como é:
meio desleichado, sem salto
Meu implica com cada sapato
e canta quando aponta pro céu
Meu bate no chão impaciente
quando fico sentado, descrente.

Meu é o teste pra ver se está frio ou quente
Ele se esforça pondo força só na ponta,
me estimula a alcançar, sem bronca.

Meu se esquiva dos pisões da rua,
se afasta de quem mira uma unha sua.
Meu fareja briga, e chuta
quem não compra minha luta
E me acompanha pelas minhas pegadas
No fundo, sou só eu, meu , e a vontade

Eu e meu companheiro
fazemos acordos
Eu deixo ele descansar,
mas muito parado me formiga teimoso
Meu amigo é ligeiro, tinhoso,
mas sabe bem o que quer.
Viu todas as minhas andanças,
relevou toda farpa sem arredar .

Tem que ser muito chinelo velho
pra caber nesse cansado.
É velho, caprichoso e suado,
mas é só meu e não se contenta com qualquer sola.
Tem que ter muito conforto e luxo
pra esse se torcer pra dar bola.

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