Todos os dias da minha vida
eu sinto saudade
penso no que poderia ter sido
se ex-amores não tivessem morrido
Não sei se é descontentamento eterno
ou se é culpa do peso da idade
mas sei que lamento tudo já ter ido
e queria que voltassem à verdade
Sinto falta do que não ousei fazer
idealizo o que antes tinha
mas se revivessem não mais haveria
amor que coubesse em meu novo peito
Acontece que hoje sou ser refeito
agora outras saudades eu amaria
Hoje o que era lindo seria imperfeito
e o que quero antes não queria
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Isso podia ser mais uma semana de setembro
Pés quebrados
Parado, imóvel, estático,
alguns dias sem se distrair de mim.
Meus pés estão quebrados.
Nao dá para beber, fumar, beijar...
Nao dá para se despedir, fugir, desatinar.
Um minuto de intervalo, uma trégua, um abalo
e de repente sou só eu comigo mesmo
sem disfarces, falso acaso ou desespero.
Só espera, paciência, tolerância
com o que é meu, só meu, desde criança.
O sono, o estar, o pensar a existência,
um intervalo de reflexão sobre a descrença,
um corte violento na rotina entorpecente,
um parar do nosso viver maquinário crescente.
Estou apenas aqui, sem coleguismo, sem corrida,
sento em paz e solitário diante da vida
e aguento esse turbilhão que são nossos desejos.
Aguento ter medo de não atingir o que outros esperam,
aguento ser eu mesmo e não o que me impuseram.
Não temo sentir seja lá o que se sente,
não tenho mais vergonha de parecer ser gente.
Sinto demais e penso às vezes negativo
mas sou forte e fiel escudeiro do estar comigo.
Percebo a solidão como produtivo momento
Isso podia ser mais uma semana de setembro
mas é mais um dos meus mais bonitos recomeços!
Os pés estão quebrados, mas asas são de vento
e contra o vento não há queda, só eterno movimento.
Parado, imóvel, estático,
alguns dias sem se distrair de mim.
Meus pés estão quebrados.
Nao dá para beber, fumar, beijar...
Nao dá para se despedir, fugir, desatinar.
Um minuto de intervalo, uma trégua, um abalo
e de repente sou só eu comigo mesmo
sem disfarces, falso acaso ou desespero.
Só espera, paciência, tolerância
com o que é meu, só meu, desde criança.
O sono, o estar, o pensar a existência,
um intervalo de reflexão sobre a descrença,
um corte violento na rotina entorpecente,
um parar do nosso viver maquinário crescente.
Estou apenas aqui, sem coleguismo, sem corrida,
sento em paz e solitário diante da vida
e aguento esse turbilhão que são nossos desejos.
Aguento ter medo de não atingir o que outros esperam,
aguento ser eu mesmo e não o que me impuseram.
Não temo sentir seja lá o que se sente,
não tenho mais vergonha de parecer ser gente.
Sinto demais e penso às vezes negativo
mas sou forte e fiel escudeiro do estar comigo.
Percebo a solidão como produtivo momento
Isso podia ser mais uma semana de setembro
mas é mais um dos meus mais bonitos recomeços!
Os pés estão quebrados, mas asas são de vento
e contra o vento não há queda, só eterno movimento.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Portas
Se um dia alguém te perguntar sobre mim,
explica sorrindo que não nasci assim.
Fui fruto mordido, só por fora
e conservo ainda caroço oco (e louco)
onde guardo o infinito da minha história.
No traço do meu gingado,
tem um homem mal-sonhado.
Eu idealizo, e insisto,
mas no fundo não sou as convenções que visto.
Eu não cobro da multidão que me tire essa ciência
porque a multidão - em festa ou em luto - não pensa.
É um arquipélago completamente dividido
no qual o dormir de cada um é um rito,
uma passagem para um outro isolamento.
Eu me movimento.
E na cadência dos corpos que se fundem ao meu,
eu quero descontrolar o que é meu e teu.
Quero um amar livre para que se enterre o pecado.
Na lei da minha terra,
só os falsos fazem algo errado.
E ver, sentir, se deixar levar,
sem se prender à memória
porque tudo é construção irrisória.
Tudo é caretice profana
quando se espera mais da mente humana.
Sem as noções mesquinhas de espaço e tempo,
mas em êxtase por cada detalhe, de todo momento.
Se alguém te perguntar sobre mim,
responda que não menti.
Mas pensei tempo demais sobre o pensar terceiro
e perdi meus dias com o viver alheio.
Até hoje.
Vivi uma busca,
mas encontrei meu centro.
Vejo agora o raiar solitário do amanhecer para dentro.
explica sorrindo que não nasci assim.
Fui fruto mordido, só por fora
e conservo ainda caroço oco (e louco)
onde guardo o infinito da minha história.
No traço do meu gingado,
tem um homem mal-sonhado.
Eu idealizo, e insisto,
mas no fundo não sou as convenções que visto.
Eu não cobro da multidão que me tire essa ciência
porque a multidão - em festa ou em luto - não pensa.
É um arquipélago completamente dividido
no qual o dormir de cada um é um rito,
uma passagem para um outro isolamento.
Eu me movimento.
E na cadência dos corpos que se fundem ao meu,
eu quero descontrolar o que é meu e teu.
Quero um amar livre para que se enterre o pecado.
Na lei da minha terra,
só os falsos fazem algo errado.
E ver, sentir, se deixar levar,
sem se prender à memória
porque tudo é construção irrisória.
Tudo é caretice profana
quando se espera mais da mente humana.
Sem as noções mesquinhas de espaço e tempo,
mas em êxtase por cada detalhe, de todo momento.
Se alguém te perguntar sobre mim,
responda que não menti.
Mas pensei tempo demais sobre o pensar terceiro
e perdi meus dias com o viver alheio.
Até hoje.
Vivi uma busca,
mas encontrei meu centro.
Vejo agora o raiar solitário do amanhecer para dentro.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
No domingo...
Roupas jogadas na sala
Um copo de vodka ainda pela metade
A cama desarrumada agora em silêncio,
entortada e sem lençol,
retrato da vontade
A pia resolveu entupir bem naquela noite
Mas ficou lá cheia, deixa pra depois
Um pedaço de pizza ainda no forno
não vai saciar a fome por nós dois
Um filme na cabeça, com personagens reais
Não tão reais quanto se imagina...
Uma calcinha no tanque, meio menina,
vai ser levada, deixando o desejo pra trás
Os cigarros queimados no cinzeiro
ainda se encontram, ainda têm certeza
A janela aberta solta o perfume
do que foi o jogo de conquista naquela mesa
E a semana começa de novo
Visto a gravata, meu terno xadrez
Quando será que terei nova lembrança
da minha vida revirada, da casa desarrumada,
da vontade de estar vivo, de vez...
Um copo de vodka ainda pela metade
A cama desarrumada agora em silêncio,
entortada e sem lençol,
retrato da vontade
A pia resolveu entupir bem naquela noite
Mas ficou lá cheia, deixa pra depois
Um pedaço de pizza ainda no forno
não vai saciar a fome por nós dois
Um filme na cabeça, com personagens reais
Não tão reais quanto se imagina...
Uma calcinha no tanque, meio menina,
vai ser levada, deixando o desejo pra trás
Os cigarros queimados no cinzeiro
ainda se encontram, ainda têm certeza
A janela aberta solta o perfume
do que foi o jogo de conquista naquela mesa
E a semana começa de novo
Visto a gravata, meu terno xadrez
Quando será que terei nova lembrança
da minha vida revirada, da casa desarrumada,
da vontade de estar vivo, de vez...
terça-feira, 20 de julho de 2010
Planeta Próprio
Poucas pessoas pensam, passam pelo planeta plainando. Pecam por palavras pobres, preguiça, pressa. Pedem prazer, promessas. Parados. Podiam pular, prevenir, permetir. Perdem presente, passado, por política. Parecem pinóquios, pedras. Passam por prédios, putas, privadas, permanentemente passivos. Pobreza perturba. Portas prendem. Poder público prejudica. Polícia promete paz. Palhaçada! Povo primitivo, pia por pouco. Precariedade predomina. Perigo...
Parti precocemente. Perdi partidos porque precisava praticar paixão. Planeta próprio, pouco popular, portanto protegido. Passo praticando perdão. Percorro praias, praças. Pássaro perdido, peço pirueta, pilhas, pirulitos. Podia petrificar, porém possuo privilégio. Posso prever pequenice, pressentir problemas. Pasmem! Participo, pratico perseverança, profetizo. Polemizo - primeiro passo. Planeta próprio. Praticamente puro. Parece piada? Pois pode parecer! Pinto paraíso porque pertenço...
domingo, 16 de maio de 2010
Abandono
É tão difícil entender
e ao mesmo tempo ser.
Viver nessa cidade de fora,
tão diferente da de dentro.
é tão difícil não dizer que lamento
ver caminhos tão restritos.
Não preciso te lembrar que eu existo
e resisto, apesar da minha diferença.
Não quero desistir de ter crença
na capacidade do ser humano
em ser humano, em ser quem pensa.
Eu descubro coisas sobre mim
mas o tempo e a rotina não esperam.
A todo minuto nova demanda me leva
e eu me afasto de mim com saudade.
Queria me isolar da sociedade
mas é ela que amo,
mesmo com pressa.
Eu queria que alguém entendesse o que sinto,
mas o tempo todo eu minto.
O que escondo é o melhor de mim,
apesar de ser tão duro me ver assim.
Eu fujo, com medo do abandono
e largo primeiro, antes de tê-lo
um frágil pedido de socorro.
E eu corro... eu corro o tempo todo
para não me sentir louco,
mas é assim que me sinto.
Estou me mostrando para pegar sua mão,
me dê a mão, meu amigo, vamos juntos.
Porque sem isso não há sentido no mundo.
Sem mão não há porquê ser isso tudo.
domingo, 3 de janeiro de 2010
Explora dor
Eu não sei se essa trilha chega ao monte
Sigo pegadas leves, de quem passeou por aqui como pluma
Avisto no horizonte distante o destino desejado
Havia mil chances de caminho e optei por seguir só uma
Senti dúvida em alguns desvios
e te encontrei perdida numa encruzilhada.
Procurei a bússola em mim, não sabia que era uma granada
Sem querer, explodi minhas certezas em um segundo
E acabei por ver que o norte está solto no mundo
Subi e desci com cansaço de exploradora,
mas na maratona me abaixei, no meu ombro de vencedora
Colhi algumas flores do campo e uma pequena tigela
Nela depositei minha guerra e um pedaço de espírito
Senti que essa porção iria sempre comigo
e tive força para dar mais passos adiante
Quando avistei o pico ao longe, fiquei radiante
Mas não porque estava próxima a chegada
É que percebi que não me faltava mais nada
a não ser a vontade de caminhar errante
Não importa se por um século ou por um instante
Andei alguns novos quilômetros, meio cambaleante,
e numa pedra bonita me deixei cair repousante
Bebi a minha ânsia numa fonte profunda e bela
e escapei de um morteiro agressivo,
com alguns arranhões, mas sem grande sequela
Quando finalmente atingi o topo do mundo,
escorrei num pedaço de côco fresco e caí num vale profundo
Só que me deixando cair esbarrei num lago secreto
e percebi mais uma vez que o caminho para o alto é disperso
Sem abatimento ou fraqueza que me impeça,
continuo agora caminhando graciosa, sem pressa
Vou subir de novo uma montanha ou me lançar a um precipício,
mas o importante é que descobri
que não importa o caminho ou as escolhas:
eu sempre resisto.
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