terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Deboche

"Se não há sentido, pra quê o acordar?
Pra quê o se vestir, o ressentir, o lamentar?
Por que nos abafamos, no aperto do dia a dia, se tudo é só monotonia e não há o que querer?
Não, meu amigo, beba mais um copo...
Sente sobre o seu corpo e veja como está pesado.
Deixa um pouco a raiva de lado,
que é ela o que pesa mais.
Esqueça todo esse desconforto no banco de trás,
enquanto, confuso, respira ofegante na janela.
Pois é só arder-se nela que justifica a vida nessa hora.
É abraçar a angústia, e depois jogá-la toda fora.
Um respiro, um lamento, e mais uma etapa vai cumprida.
Isso sim é viver a vida: questionar e dançar.
Perder e se desfazer também da derrota.
Ser qualquer boçal perdido nessa palhoça,
mas pelo menos ter bossa,
que sem ela nem você se aguenta.
Cair de quatro no chão, mas mantendo o suingue.
Só assim a chacota não lhe atinge...
Lançar-se de boca no fundo do poço
pra ver se pelo menos descola um biscoito.
E tirar um pouco a importância de tudo.
Isso de agora já foi no futuro.
É por isso que não adianta prever.
É só questão de se manter e dar uma risada.
Pode crer que, sem sentir, um dia essa porra toda acaba.

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