terça-feira, 11 de junho de 2013

Por aqui ou por ali

Direita, esquerda,
quer com açúcar ou adoçante?
É atlética ou autêntica?
Intensa ou perseverante?

Vamos de drama ou comédia?
Mais discreta ou com extravagância?
Quer fazer planos a longo prazo?
Não prefere seguir conforme a dança?!

Casar virgem ou ter histórias?
Independente ou apegada?
Vida social ou introvertida?
Uma conversa solta ou programada?

Perdida, sem a mínima ideia,
atraída entre polos, sempre discrepantes,
segue cada dia mais incoerente,
nunca fica, é itinerante.

Entre as opções para a tarde,
mais do que tudo, é preciso escolher
entre ser ela mesmo
ou o que lhe dizem para ser.

Tão difícil parece seguir um só caminho,
por que não ser tudo e se sentir vazio?
Num universo de tantas possibilidades,
é injusto não ter várias mocidades.

Enquanto desvia, sem prumo e certeza,
parece não se saciar com nada
tendo tudo sobre a mesa.
E com tantas cobranças, tantas perguntas,
o caderno fica aberto em branco
sem uma biografia profunda.

Tirada da vida, tão perto dela,
se perde em pensamentos,
mas não se afoga nela.
Por ali ou por aqui, pergunta,
sentada naquela mesma pedra.

Tudo bem, apenas uma decisão é justa:
se entrega à reflexão e se apronta.
Pensa que quando está mais perdida
é justamente quando mais se encontra.

Exclui tudo, apaga e fica só com a essência.
Sem perguntas ou ideias, na permanência.
Às vezes o mais simples é o mais direito
e a vontade de ser é o que se é no peito.

A resposta para tudo isso

é a coragem de olhar o espelho.

domingo, 9 de junho de 2013

Convite

Um sopro de vida me pegou,
assim mesmo, igual uma brisa
no fim da tarde.
Me sacudiu como que num assalto
e me roubou do marasmo.

Um ventinho meio quente, meio gelado
arrepiou meus sentidos por um minuto
De repente me conectei com o mundo
e percebi como andava parada.

 Foi meio moleque, tipo num susto.
Me despertou do sono do trabalhador cansado
e me levou para um outro diálogo.
Fora das portas dos restaurantes,
das janelas do apartamento,
eu comecei a conversar com o vento.

 E ele me disse: o, Cristine, por que esta tão distante?
Só essa pergunta já me deixou radiante!
O vento sabe meu nome, o universo me chama,
Por que perco tempo abobalhada na cama?

Bora, Cristine, que esse vento é passageiro:
ou ele te carrega e revoluciona o conformismo,
ou ele te abandona sozinha no bueiro.

Vamo, garota, que pisca o olho e vira velha.
Sem ter mais vento que te empurre ou chame,
apenas a antiga e estática janela.