quinta-feira, 15 de novembro de 2007

regresso

Escrevi isso hoje, no aeroporto de novo, voltando de viagem.. Não sei pq aeroporto e ônibus são lugares inspiradores para mim... rs Beijos!

O regresso pra casa, nem sempre querida
Pedaço desarrumado de falsa guarida
Retorno para o quarto sem berço
Retomo a antiga rotina
Mas tem um pedaço que fica
Tem uma brecha, nunca completa
Uma fresta por onde a sede penetra
É uma vontade da não-residência, do não-vestígio
E no coração o desejo de se enlaçar
Mas meu sangue arisco não tem lugar

A sede faceira de deixar de querer
Teima em não se cansar
Quero um gesto cativante, quero me prender num lar
Quero um desmuro, um partido,
Uma rica bandeira
Mas não consigo escolher a legenda
Não sou desta terra, nem deste planeta
Eu sou uma breve estrela, perdida no escuro
Sou vela acesa, desencontrada da procissão

Ando contra os fiéis, crendo em algo sem nome
Sou risco na atmosfera, mas não tenho ar próprio
Sou energia fraca , tomo emprestadas as luzes do mundo
Não sou rasa, mas não tenho convicção de nada
Só sei que ando estranha, meu passo é atrasado
Mais na frente a boiada carrega a hora certa
E eu sigo pro abismo, não ligo
Não fujo porque não tenho rumo

domingo, 4 de novembro de 2007

Andar de hoje...

Foto by Cris. Poesia bem antiga, mas me senti assim hoje.. Beijos para todos que comentam e para os que não comentam tb.. aliás, beijos tb para os que nem visitam o blog e para os visitantes! rs

Simples

Ando pela rua
Vejo um pássaro
Tão passarinho
Penso na vida
Árvore da folha verde
Tão singela verdinha
Tiro meus óculos
Sento na terra
Piso na pedra
Só dureza, nova vida de dureza
Penso nessa pura destreza
Firme, forte, segura
Passa frio, passa chuva, passa fissura
E continua com sua força de apoio


Vejo o trigo de sol amarelo
Tão quentinho
E a moça dos olhos de névoa
Que sobrevoam essa selva
Que virou o mundo dos homens
Seguro com força o chão
Esse fixo que me dá proteção
Mas tão mais leve é flutuar
E voar por essa rua
Sentir cada simples perfume
Do mar, da brisa, da lua
Tão nua, também tão minha


Ah, se eu visse sempre esse mundo
com outros olhos!
Olhos de chama
Sem a areia, que embaça a clareza
de ver no simples
o sentido da maior grandeza
Para ver tudo mais claro
Não pode existir o bizarro
Só se pode aceitar que há
Essa engenhosa máquina
Perfeitamente perfeição
Andar pela rua de verdade
É sentir a trivial realidade
Andar marcando as pegadas
Seguir com a alma na mão
Sem medo de pisar em farpa
Cada poro do corpo expirando sensação


Esse andar foi meu hoje pela rua
Quem me dera fosse o andar diário
Do universo restrito
da minha complexa criatura